O Agrupamento Vertical Almeida Garrett, um dos parceiros do Projecto Percursos Acompanhados, tem-se deparado com algumas dificuldades no que diz respeito à sua missão. O comportamento dos alunos, em sala de aula e no recreio, não tem sido o melhor e tem comprometido a segurança e o sucesso escolar dos mesmos.
Tendo o Projecto assumido o compromisso de promover o sucesso escolar das crianças e jovens do Bairro do Zambujal, respondeu prontamente às solicitações da escola para os apoiar na referida questão. Deste modo, no mês de Outubro disponibilizou uma das técnicas, a Cátia, para dinamizar e monitorizar os intervalos, com a realização de jogos e dinâmicas que promovem algumas competências nestas crianças e jovens. De entre estas competências destacamos: o espírito de grupo, o trabalho em equipa, a cooperação/entreajuda, coordenação e auto-controlo (emocional e comportamental). Passados cinco meses, observamos que esta actividade tem obtido bastante sucesso junto do público mais velho da escola e contribuído para intervalos mais estruturados e positivos na escola.
Como numa escola não há só alunos mas também professores, estes decidiram envolver-se activamente na redução do problema identificado através de uma formação. Com a mesma pretendiam aumentar a sua compreensão sobre a questão e ultrapassar as suas dificuldades com as/os alunas/os. Estas dificuldades prendem-se, essencialmente, com questões de comunicação entre professor/aluno, medidas de punição, formas de valorização do aluno, capacidade de olhar para as especificidades/necessidades de cada aluno/a individualmente, entre outros.
Este foi um desafio, de imediato, assumido pelo Projecto, pelo que as técnicas Isa e Marli prepararam uma formação teórica/prática sobre (in)disciplina, intitulada “Transformando Percursos”. Considerando a problemática identificada, numa prespectiva de capacitar os professores para a diminuição da mesma, a formação abordou os seguintes objectivos:
• Sensibilizar os docentes para as problemáticas associadas ao contexto social dos alunos;
• Identificar possíveis causas da instabilidade na sala de aula;
• Identificar possíveis estratégias para fazer face a essa instabilidade;
• Experienciar em contexto de sala de aula a aplicação dessas estratégias.
Para se alcançar estes objectivos, trabalhou-se a temática das regras, a forma como elas são transmitidas aos alunos e como é que os alunos se sentem para conseguir cumprir uma determinada exigência. De um modo descontraído, foram-se discutindo as causas da (in)disciplina e a sua própria definição. Adicionalmente, através dos exercícios práticos as professoras trabalharam competências relacionadas com o trabalho em equipa, a solidariedade, a concentração, o cumprimento de regras, o auto-controlo, a gestão emocional e a auto-avaliação face à sua postura e desempenho.
Foi dada a oportunidade de experimentação e de reflexão em cada tema abordado, permitindo às formandas compreender a discrepância que, muitas vezes, se revelou entre aquilo que exigem e esperam que os alunos façam e o que elas próprios conseguem efectivamente fazer face à mesma situação.
Para além disso, as próprias professoras tiveram trabalhos de casa! Estes “T.P.C’s” tiveram o intuito de levar as professoras a experimentar as estratégias focadas nas sessões e a avaliar a forma como funcionam no contexto real, de modo a que as dificuldades sentidas pudessem ser trabalhadas na sessão seguinte.
A conclusão a que chegaram foi que nem sempre foram capazes de cumprir as exigências que lhes foram feitas, agindo, muitas vezes, como as/os suas/seus próprias/os alunas/os em sala.
Esta formação, apesar de ter sido levada a cabo ao final de um dia de trabalho, foi marcada pela disponibilidade, motivação e boa disposição das formandas, as quais tiveram sempre em vista melhorar o seu relacionamento com as/os alunas/os da escola.
O resultado foi tão positivo que a mesma fórmula vai ser replicada com um novo grupo de professores, extendendo-se, inclusivamente, ao primeiro ciclo!
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